ATIVIDADE BANCÁRIA E BRAZILIAN WARRANT
O ponto inicial do grupo Moreira Salles foi quando João Moreira Salles inaugurou em sua loja uma seção bancária, por meio da qual representava diversos bancos privados e fazia pequenas operações de cobrança, saques e depósitos. O mecanismo de crédito para lavoura cafeeira, principal atividade econômica do país nos anos 20, era precário. Nas seções bancárias, os clientes depositavam seus ganhos, em geral provenientes do negócio do café, ou conseguiam os empréstimos e o crédito de que precisavam para tocar a lavoura, obtidos pelas seções junto aos representantes bancários. Na maioria das vezes, esses estabelecimentos originavam-se de casas de comércio renomadas do interior, com proprietários confiáveis e respeitados no local, como era o caso de João Moreira Salles, em Poços de Caldas. Era o início de um incipiente sistema bancário privado no país.
No mesmo ano, Moreira Salles tornou-se sócio da casa compradora de café Castro, Cardoso & Cia., passando-se a se chamar Castro, Salles & Cia. Como negociante de café situado num dos principais centros cafeeiros do país, era natural – praxe da época – que Moreira Salles prestasse determinados serviços financeiros a seus clientes. Se um agricultor o procurasse sem dinheiro em caixa, mas precisando comprar uma máquina agrícola ou outro insumo qualquer, o negociante faria a venda e receberia o pagamento quando a safra fosse colhida, acrescido de juros. Essa e outras operações viabilizavam a produção. Assim, logo surgiram as seções bancárias, absolutamente necessárias no interior do país. Correspondentes de grandes bancos particulares, ou do Banco do Brasil, eram os únicos meios de contato destes com os clientes locais. O financiamento passava dos grandes bancos da capital, na época sem agências no interior, para as seções bancárias que os representavam na transação.
Concomitantemente, E. Johnston e Brazillian Warrant (Companhia Inglesa com razão social brasileira denominada Companhia Agrícola Fazendas Paulistas), criadas a princípio para oferecerem armazéns aos produtores de café e adiantamentos garantidos por suas safras, realizou uma aquisição histórica: a compra da Fazendas do Cambuhy, situada na cidade de Matão no estado de São Paulo, com 57 mil hectares de área, cerca de 2,5 milhões de pés de café e 15 mil cabeças de gado. Nesse mesmo ano, foi considerada a maior fazenda de café do mundo, e na época o seu tamanho era quatro vezes o atual. A venda foi realizada por Nhonhô Magalhães, Dr. Carlos Leôncio de Magalhães, Bandeirante de Matão responsável pela formação das Fazendas do Cambuhy, em 4 de novembro de 1924, o qual recebeu um cheque de 20 mil contos de reis, o maior cheque até então pago na história do Brasil. A notícia foi comentada com destaque na impressa nacional e internacional, deixando o mundo perplexo ante ao gigantesco negócio.